segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Introdução ao Estudo da Bíblia Sagrada 1

O interesse no estudo da Bíblia


            Por Taíso Adriano de Carvalho

Iniciaremos nosso estudo analisando qual o interesse do mundo frente a Bíblia Sagrada formada pelos dois testamentos denominados Antiga e Nova Aliança. Então mãos-à-obra!

1 - Qual o interesse no estudo do Antigo Testamento?

O Antigo Testamento é objeto de estudo no meio acadêmico (Cursos Teológicos, Trabalhos de pesquisas, Ciência humanas e sociais) e religioso (Igreja). Ao primeiro interessa a pesquisa científica e, para o segundo encontrar a revelação de Deus em suas páginas.
O primeiro grupo apresenta variações de comportamento frente ao AT:
Podemos identificar cinco tipos de interesse no estudante acadêmico do AT:
1 – O estudante não tem nenhum interesse pela disciplina, cursando a matéria simplesmente para cumprir os créditos que o curso exige;
2 – Reservatório de conhecimento (Simplesmente para expandir seus conhecimentos gerais);
3 - Para uso pratico em sua vida ministerial, familiar e profissional;
4 - Para questionar outra pessoa, seu Pastor ou colega de trabalho que costuma falar sobre o assunto ou, tem outro ponto de vista (religião) diferente do seu;
5 – Para pesquisa técnica científica em áreas como: arqueologia, lingüística, sociologia, antropologia, geografia e história.
O segundo grupo apresenta apenas um objetivo:
Podemos identificar apenas um interesse no membro da denominação:
1 - O interesse religioso, devocional e espiritual.

Como podemos perceber de forma rápida e introdutória o estudo do Antigo Testamento é muito importante, dependendo do objetivo traçado, para muitas áreas de interesse, não só religiosa como técnica e científica. A definição do objetivo é fundamental para direcionar o aproveitamento e o grau de interesse e importância que será dado na tarefa de análise (superficial ou minuciosa) das velhas escrituras. São elas o alicerce sobre o qual foi edificado o Novo Testamento e toda a pregação e ensino de Jesus Cristo[1].

2 – O interesse pelo AT é universal?

É comum ouvir a pergunta: Quem se interessa pelo Antigo Testamento? Até mesmo entre os membros do cristianismo (evangélicos, protestantes e católicos), a tendência de direcionar o estudo para o Novo Testamento é muito forte, renegando o Antigo a um segundo plano. Mas será que essa postura é aceitável? Seria o AT dispensável em nosso atual contexto? Vejamos:
O interesse no estudo do Antigo Testamento é universal:
1 – Três das maiores religiões mundiais recorrem ao AT para fundamentar sua confissão de fé: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo;
2 - Religiões pagãs também fazem uso das páginas do AT[2].
3 - Pesquisadores seculares[3] (historiadores, arqueólogos, etc...) consultam informações históricas e geográficas no Velho Pacto.
Conforme Samuel Schultz: “Milhões de pessoas voltam as suas páginas para rastejar os princípios do judaísmo, do cristianismo, ou do Islã. Outras pessoas, sem número, o fizeram procurando sua excelência literária. Os eruditos estudam diligentemente o Antigo Testamento para a contribuição arqueológica, histórica, geográfica e lingüística que possui, conducente a uma melhor compreensão das culturas do Próximo Oriente e que precedem à Era Cristã[4].
Portanto, o estudante do AT tem motivos de sobra para diligentemente navegar por suas páginas, colhendo além de informações históricas, sabedoria espiritual que edifica o homem e o aproxima do Criador, além de conhecer as várias histórias envolvendo Deus e o homem, durante vários séculos, culminando no NT. E por falar em Novo, o AT é o alicerce que sustenta o NT e toda a doutrina cristã.

Atenção - Nossa disciplina é técnica, mas o interesse cristão é doutrinário e espiritual. Aquele que se dispõe a estudá-lo deve ter em mente a sua complexidade e diversidade de interpretações existentes dentro dos círculos cristãos e fora dele. Tentaremos esclarecer alguns destes processos.

3 – Qual o interesse pelo Novo Testamento?

Quando falamos do novo Testamento a situação é completamente diferente. O interesse pelo estudo da parte da Bíblia que fala do Senhor Jesus é muito maior do que o AT. Esse fenomeno pode ser visto à nivel tanto de denominação religiosa como no estudo acadêmico. Isso é compreensível se levarmos em conta a proximidade dos fatos narrados por ele com a distância dos narrados no AT. Os acontecimentos do Novo Pacto são recentes, possiveis de analise, com amplo textemunho histórico e cultural. Além disso, normalmente as pessoas interessam-se pela vida de Jesus, seus feitos e ensinamentos, suas profecias e promessas futuras, mas não estão dispostas a ler longas genealogias, histórias de tempos antigos, de povos semitas com culturas nomades tãos distantes da nossa realidade.
O principal problema na postura moderna, ou seja: apega-se ao NT e distancia-se do AT, encontra-se na possição assumida pelo Testamento de Jesus Cristo referente ao Antigo: O Novo Testamento testemunha a respeito dos feitos preditos pelo Antigo e que se concretizaram no ministério do Cristo[5].
Portanto, podemos definir o interesse no estudo do Novo Testamento:
1 – Conhecimento a cerca da pessoa de Jesus Cristo;
2 – Informações históricas encontradas em seus relatos;
3 – Conhecimento gramatical, linguístico e semântico das línguas usadas na sua época: hebraico, aramaico e grego coinê;
4 – Espiritualidade, no caso das religiões.
Pois Bem. Agora que entendemos alguns dos aspectos importantes a cerca do estudo do AT e NT, podemos concluir que o interesse no estudo bíblico é universal, motivado por questões religiosas (confissão de fé), históricas (trabalhos de historiadores), científicas (pesquisas arqueológicas, lingüísticas e literárias, sociológicas, geográficas, culturais e antropológicas) e filosóficas (ética, moral), então podemos analisar a origem da Bíblia e o seu desenvolvimento histórico. Entraremos na segunda fase de nosso estudo.


[1] Um Cristão verdadeiro conhece os ensinos do seu Mestre, segue-os, aplicando-os na vida prática.
[2] Por exemplo: A Maçonaria recorre a uma história sobre a construção do Templo de Salomão para explicar sua origem.
[3] Por secular me refiro aos não religiosos ou não cristãos.
[4] SCHULTZ, Samuel J. A História de Israel no AT. Tradução do e-book Habla el Antiguo Testamento, do espanhol para o português realizada por Daniela Raffo, 2008. p 5. Disponivel em: www.semeadoresdapalavra.net
[5] Essa é a diferença. Se todos compreendêssemos  isso, daríamos mais atenção à leitura do AT. Ele é a base histórica e doutrinária do Senhor Jesus Cristo – A Bíblia da sua época.